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O Grande Ensaio

Ontem foi o ensaio para o Grande momento de nossas vidas... Ou assim dizem ser.
Eles estavam tão tensos! Pareciam emoldurados, presos em uma caixa. Mas pudera! Eles não se encaixam! Eles não são encaixáveis. São criativos. Tanta formalidade que impediu descontração. Mas a minha mente de “madrinha” descontraiu por eles. Afinal, já passei por tudo aquilo antes e já nem lembro mais como foi exatamente.
Liguei meu outro botão – o da imaginação – e me deixei levar “Como uma onda do mar”...

A Alessandra abriu o desfile. A seriedade em pessoa, mas que, com um toque de mágica, tirou um grande pincel do bolso e começou a pintar o “The Healer”, de Magritte, mas, obviamente, com algumas peculiaridades criativas.
Para sentar, pintou um divã, e ao invés da bengala, um cachimbo freudiano...

A Alice estava na dela. Comendo carapinhas. Se alguém quiser a receita é só pedir a ela. São as mais deliciosas que já provei.

A Ana Paula e a Fernanda caminharam discretamente sob o palco. Ainda tentei desvendar alguns de seus mistérios, mas não consegui.

Quanto mais eu as admirava mais enxergava uma caixinha de pandora...
Deixei o calor extenuante me levar juntamente com o som da flauta da Babi. Ela entrou tocando uma linda música desconhecida:
http://www.youtube.com/watch?v=Z6IYP3hV1nU
Logo depois, entrou a Carlise contando piadas de judeu (E ela ainda diz que não sabe contar piadas. Não esqueci de suas piadas até hoje). Aí, me imaginei contando a seguinte piada para ela e para a turma:
Seu Jacob, senhor elegante e abastado, está em seu carro no bairro de Higienópolis e procura
desesperadamente um lugar para estacionar. Dá uma volta no quarteirão, espera um pouco, vai
um pouco mais longe e nada. Ele tem um encontro de negócios muito importante e não pode
arriscar chegar atrasado. Mas nada, nenhuma vaga! Desesperado, ele olha para o céu e implora:
- Meu Déush, se vóce me ácha um lúgar para shtacionar nos próximas cinco minutos, au prometo
fazer importantche contribuiçon em $$$ para o comunidade, prometo nunca mais me afastar do
religion, prometo de comer sempre kosher, de respeitar Yom-Kippour e todos os festas judaicas,
prometo fazer Shabat...
No mesmo momento, um carro sai de uma vaga bem à sua frente!
Seu Jacob levanta os olhos para o céu e diz:
- Tudo bem Déush, deixa pra lá, já encontrei o vaga!




De repente, ouvimos uns trotes de unicórnio. Quem estaria ali, cavalgando? Ah, a Juliana. Tem ela ou não carinha de fada-princesa?

O ambiente estava ficando por demais ilusório até que entra a Kelly, contando mais piadas, só que de fanho:
Um "Fanho" entrou em um taxi e disse para o motorista onde queria ir. Passando um tempo o motorista do taxi ver uma loira na calçada e pergunta para o fanho:
- Olha essa loira fanho, muito boa, né?
E o fanho respode:
- Feia!!!
Passado-se mais um tempo, o motorista ver uma morena e novamente pergunta:
- Olha essa morena Fanho, muito gostosa, né?
E o fanho:
- feia!!!
Passado-se mais um tempo, o motorista ver um ruiva e pergunta:
- Não fanho, me diz se essa não gostosa?
E o fanho mais uma vez:
- Feia!!!
De repente " BAAAM" o motorista bate em um poste e reclama para o fanho:
- Poxafanho, por que tú não me avisou?
E o fanho:
- Eu te falei: FEIA, FEIA, FEIA!!!

Com passos firmes, Marília entra em cena com uma faixa atravessada no peito dizendo
“Eu passei no mestrado da UFRGS!”.

Tão segura de si que estava que lançou o cartucho do diploma às mãos de Gustavo (da Ensaio). Quem precisa mesmo disso???
A Mari, é claro, entrou fazendo uma deliciosa torta de mirtilhos:

• Para a massa:
• 125 g de manteiga
• 125 g de açúcar
• 1 ovo
• 250 g de farinha
• Para o recheio:
• 300 g de creme chantilly
• 150 g de mirtilo
• mirtilo fresco
• chocolate branco

O calor aumentava (quem foi aquela criatura que desligou o ar?!) e o pessoal cada vez mais duro. As cabeças ferviam tanto que o chapéu da toga nem entrava na cabeça. Só na da Marília e da Tati, que estavam leves como pluma. Gustavo é que, volta-e-meia, nos lembrava que aquilo tudo era uma cerimônia organizada, formal e que bons comportamentos poderiam gerar propostas de emprego advindas da platéia (Tipo skinneriano. Que maldade! Eles não precisam disso, pensei eu).

Moises, com seu ar de fidalgo inteligente, entrou com três livros em baixo do braço – um era do Bauman, um do Freud e o outro não dava para ver, pois estava enrolado em um jornal da Zero Hora - e começa a ler em voz alta, mais para si do que para a platéia:

Dessa ordem que era o orgulho da modernidade e a pedra angular de todas as suas outras realizações (quer se apresentando sob a mesma rubrica de ordem, quer se escondendo sob os codinomes de beleza e limpeza), Freud falou em termos de “compulsão”, “regulação”, “supressão” ou “renúncia forçada”. Esses malestares que eram a marca registrada da modernidade resultaram do “excesso de ordem” e sua inseparável companheira – a escassez de liberdade. A segurança ante a tripla ameaça escondida no frágil corpo, o indômito mundo e os agressivos vizinhos chamados para o sacrifício da liberdade: primeiramente, e antes de tudo, a liberdade do indivíduo para a procura do prazer. Dentro da estrutura de uma civilização concentrada na segurança, mais liberdade significa menos malestar. Dentro da estrutura de uma civilização que escolheu limitar a liberdade em nome da segurança, mais ordem significa mais malestar”. (BAUMAN, 1998, p. 89)

O Ro entrou arrasando, escutando Beyoncé e dançando street dance:

Waiting, waiting, waiting, waiting, ooh
Waiting, waiting, waiting, waiting, ooh

It's 6 o'clock
and seconds feel like hours as I sit here
and watch them tick away

And just the thought
of seeing you again I wanna sang
I've been longing for this day
A Tatiele, empertigada, entrou acompanhada do Omar. Ele não podia deixar de estar ali, afinal, tão querido e afetivo. Paizão de quase todos dali.

Para encerrar, a Valéri entrou em cena dura como um militar... mas logo uma nuvem a cobriu e eu a vi declamando um poema de Antonio Machado:
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar

Não me deixaram fazer discurso. Já tinha até ensaiado algum. Protocolos. Ah, os malditos protocolos! Mas não faz mal, deixo isso para a Paraninfa, que é mais letrada e sábia do que eu. Além do mais, não gosto mesmo de fazer discursos. Pronuncio, aqui, então, poucas palavras que não respondem a toda minha responsabilidade de patronesse, mas refletem meus sentimentos:

SUAS ESTRELAS IRÃO SEMPRE BRILHAR NO CAMINHO A TRILHAR.
SE PORVENTURA, QUALQUER ESCURIDÃO SURGIR, ESTAREI SEMPRE AO LADO DE VOCÊS PARA ACOLHER.
MADRINHA É COMO MÃE. “CRIA’ PARA O MUNDO MAS SEMPRE TEM UM COLO CONFORTANTE, PALAVRAS DE CONSELHO E UM OMBRO AMIGO.
AMO VOCÊS!

Comments

  1. Adriane, linda mensagem!
    Me emocionei ao ler tua visão sobre cada um de nós...o modo com que percebeu cada um é realmente interessante e belo.

    Mas,minhas heranças de 7 anos em Colégio Militar não me fizeram dura...talvez, firme... :)

    Beijos
    com carinho da afilhada

    Valéri Camargo

    ReplyDelete
  2. Adriane!! Obrigada por estar tão perto de nós neste dia mais do que especial!! Um beijo MArilia (q continua com a faixa no peito...heheheh)

    ReplyDelete
  3. Lindo texto... Adorei, consegui visualizar cada palavra.
    Um bjo
    Teca

    ReplyDelete

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Obrigada. Por um mundo mais solidário!

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