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Poesias By Adriane Roso



COLONIZADOR EM TODOS NÓS (12-11-2016)

Há aqueles que não têm bens e escravizam. 
Há os que são escravos e também escravizam. 
Há senhor que nunca será escravo. 
Há escravo que nunca será senhor. 
Há proletário que  nunca será patrão. 
Há patrão que nunca será proletário.
 Há proletário que sonha ser patrão.
 E há patrão que sonha ser proletário! 
Para todas as formas há um raramente. 
Um  frequentemente.
 Um nunca. 
Um possivelmente.
 Inegavelmente
No traçar as descendências mais remotas do humano
Encontramos um colonizador.





AH, UM DIA! (09-08-2016)

Colocarei teu sobrenome na luz do meu
Beijarei seus lábios livremente
Sem nenhum pudor
Serei tua publicamente

Sem mais pensar em “Ah, um dia!”
Pois todos os dias
Serão nossos
Só amor
Visivelmente
Publicamente
Só amor


Subjetivada (15-10-2015)

Fecha os olhos
Nada vê
O escuro interpela
E nele se esclarece
Que ali não há sujeito
Apenas uma moral
Que fez dela o que ela é:
Olhos que nada vêem
Ou que vêem só o que seu desejo não quer




Contra-ataque (20-12-2013)

Provocação
Devoração
Acusação
Seu olho me grita
O meu, veludo...



Ledo Engano (15-12-2013)


Menina Maluca
Sem dono, nem raiz
Um dia de um, outro d'outro
Numa dança maluca
Vivia feliz
Até que um dia
Puft!
Caiu na arapuca...



Fugitiva do Palco (19-11-2013)


Sapatilha Andarilha
Salta pra lá
!!!!;;;
Salta prá cá
;;;!!!
Presa à bailarina saltitante
As bordas do palco
Seu limite do mundo
Mas num grand écart
Voou do pé da bailarina
E fugitiva do palco
A Sapatilha Andarilha
se pôs a dançar pelo mundo
!!!:::,,,;;;...

Foto: by Adriane Roso
Tirada por mim, na nossa casa, em Santa Maria, RS
Agosto de 2013 

O Mundo



A Tela 

Me olha; Me cega
Me engole; Me anula
Um dia desligo a chave geral
Quebro as antenas

E vou  transformar esse mundo


Editora Vida

Escrevi por escrever
Ninguém me pediu
Ninguém editou
Escrevi por escrever
Sem ser poeta
Sem ser escritor
Escrevi meus dias
Cheios de suor
Cheios de  amor
Escrevi por escrever
Mas só a vida publicou

 Transformação


Cresce dentro de mim um anseio
Sempre imaginado
Mas nunca antes concretizado
Insegurança total
Pavor
Alegria
Vou me transformando
Não sou mais eu
Não sou mais só eu
Cresce dentro de mim uma vida
Uma vida dentro de mim
Anseio
Medo
Felicidade
Crescem dentro de mim

Coração Cigano


Meus passos ciganos, cheios de enganos e desenganos.
Dentro do peito uma vontade louca de ir, de vir, de fugir
De sorrir, de chorar, de amar
De me encontrar
Sem medo de se entregar.
Uma porta sempre aberta, na expectativa de algo  melhor
Repleta  de esperança, mas escura.
Como um cigano, meu coração viaja
Em busca nem sei bem do que
Apenas construindo minha história
Será que vou prá onde  quero?
Melhor não pensar
Só seguir sempre
Olhando  para o futuro,
Sem rumo, atrás do  destino
Com aquela  vontade louca de ir, de vir, de fugir
De sorrir, de chorar, de amar
De me encontrar
No meio dessa minha louca vida,

Cheia de passos ciganos.



A Colher 


(Caso de Polícia) RE Colher?
(Caso de Internação) EN Colher!
(CASO CAPs) ACOLHER,
Para COLHER...











Nostalgia


Nos dias de sol, sabor veneno.
Nos dias de vento, um garanhão puro-sangue
Ia para o céu e voltava...
Nos dias de chuva, cheiro da essência de liberdade
Navegava como uma caravela Bandeirante...
Ah, que saudades da minha Barra-Forte!
 
Cresci, me acomodei, solidifiquei minha imaginação
E esqueci a minha pobre bicicleta!
Agora, no meio da poluição e da solidão
Sinto falta da fiel companheira
Vermelho-vida
Vermelho-minha-juventude 

Mário, diga-me, por favor, ‘Onde foi parar a minha bicicleta?’


A Janela

 
Lá dentro, chuva...
Mãos brancas  desenhavam  palavras,
Na lousa inquietante.
Nada  mais entediante
Meu corpo presente
Meu eu ausente.

Lá fora sol...
Borboletas azuis tilintavam  asas
No céu cintilante.
Sempre mais interessante 
Perder-me pela janela

Mirei uma Rabo-de-Andorinha
Desejei jamais voltar
Pena que a professora muito sabida
Cerrou a janela antes que eu pudesse voar!





Onde está o olho que me olha?
Será que olha e não me vê?
Será que vê mas não me olha?
Se tudo é um ponto de vista
As mariposas são borboletas
E as borboletas são pequenas Julietas
Que pousam para te amar.

Foto: by Adriane Roso
Tirada por mim, no Chalé "Roso", na Praia do Rosa, SC
Fevereiro de 2011

Escolhas de Vanessa


Você não me tinha antes,
Nem eu tive a sorte de ter você.
Não sou melhor nem pior do que veio antes,
Mas sou uma nova escolha.
Escolha que talvez você não tivesse feito ontem,
Por que cada pessoa tem o seu momento.
Amanhã seguiremos sem olhar para trás,
Enxugarei tuas lágrimas,
Mas outras descerão,
Pois esse é o processo de "maturação".
Saberemos que você (assim como eu)
Precisou de cada milímetro de sua trajetória
Para chegar exatamente onde chegou!


Olhar Insano

 Ah, se você me dirigisse apenas um olhar!
Um olhar teu, 
refletido no meu olho, 
que me enxergasse por dentro, 
me virasse de ponta cabeça 
E descobrisse que o que tenho não é insanidade, 
mas um amor louco para te oferecer!

Comments

  1. Se um dia morrer a poesia estaremos todos mortos por "dentro".

    Que bom poder com partilhar com Adriane Roso, acessando suas poesias - em sentimentos e palavras (Parabéns)

    Arnaldo Chagas

    ReplyDelete
  2. Oi, Arnaldo, retomei minhas poesias... a poesia faz alguém sempre viver. É uma esperança de vida. abraços, adriane

    ReplyDelete

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Obrigada. Por um mundo mais solidário!

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