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roso_ufsm
Compartilho os pensamentos de meu grande Mestre...
Procurando entender o Brasil de março 2015 –
Indo um pouco mais a fundo
Pedrinho A. Guareschi - UFRGS
O que reflito abaixo é minha opinião, fruto de minhas ‘meditações’. Sei que há outras opiniões e respeito a todas.
Para saberem de onde falo: não estou no Brasil, estou em Roma, num estágio sênior pós-doutoral, mas tenho recebido muitas “provocações”, até mesmo telefonemas que insistem e me pedem que diga o que penso e como vejo o que está acontecendo no nosso Brasil nesses últimos meses, principalmente. E como tenho obrigações com tantos amigos, arrisco essas “meditações”.
Estaria mentindo se dissesse que não estou me interessando, ou não estou me preocupando, com o que está acontecendo. Mas também confesso que não estou angustiado. Houve momentos de nossa história, e até momentos que vivi pessoalmente, em que a situação era mais crítica. Refiro-me, especificamente, ao fim da década de 1970, em que não se podia dizer ou fazer absolutamente nada sem correr risco de até mesmo de “desaparecer”. E as coisas mudaram, a história tomou outros rumos. Mas o importante é ter em mente – e disso estou convencido – que não há um determinismo histórico. A História nós a construímos, com nossas ações, nossos projetos, nossa consciência crítica, nossas práticas coerentes. É por isso que me posiciono, com toda franqueza, deixando claras também minhas limitações.
Vejo que fundamental, para se entender o que acontece, ter uma visão maior, mais ampla, uma visão que chamaria de histórica. Não se pode ficar na superfície, vendo apenas as últimas manchetes dos jornais. Essa é uma postura medíocre e perigosa. O que vem acontecendo no Brasil hoje não é fruto do momento: faz parte de um “encadeado” de fatos, acontecimentos, tanto nacionais (brasileiros), como internacionais. Aliás, para uma excelente análise desse fenômeno recomendo o artigo do pensador Boaventura de Sousa Santos, que foi publicado no site do IBASE, com o título: “Brasil: A Grande Divisão”. Para mim esse trabalho é uma das melhores iluminações para se compreender o momento atual, tanto mundial, como o brasileiro. Vou retomar sua reflexão central, depois aplico ao caso brasileiro.
Para ele, as mudanças que estão acontecendo em alguns países da América Latina (AL), e especificamente no Brasil, são uma “ameaça” ao pensamento e às forças dominantes e hegemônicas do capitalismo mundial, fundamentado fortemente e predominante no sistema financeiro, onde mandam e decidem os grandes bancos do mundo (nesse tripé, financeiro, produtivo e militar, comanda o financeiro). Vários países da AL estão tentando se desvencilhar dessa dominação. E o Brasil esteve (e está) à frente desse movimento, como se viu na reunião dos membros do BRICS, em Fortaleza, onde inclusive foi criado um banco e um fundo anticrise como uma contraposição. Isso representa uma ameaça. E foi por isso que a mídia internacional (vou retornar a esse ponto ao final), foi totalmente contrária à possibilidade de Dilma ganhar as eleições no Brasil. Todos os grandes jornais do mundo (desse modelo capitalista financeiro) criticaram ferozmente a candidata Dilma. E isso é extremamente ilustrativo. Não existiam naquela ocasião os motivos que teríamos hoje (corrupção, Petrobrás, etc.) Era simplesmente porque ela representava um NOVO PROJETO. Eis a questão: a América Latina é uma ameaça, porque parece estar nascendo aqui um novo jeito de viver, uma alternativa ao sistema financeiro hegemônico. Esse projeto não pode prosperar. É preciso estancá-lo, matá-lo na fonte.
(Me desculpem esse parêntese: para quem lê as entrelinhas, é exatamente contra esse projeto capitalista financeiro que as falas todas do Papa Francisco se referem, com palavras duríssimas. Ele sabe bem o que os fundos “abutre” tentaram fazer com a Argentina. Não é à toa que ele esteja sofrendo cada vez maiores críticas, exatamente desses setores).
Passemos ao nosso querido Brasil, nesses dias de “suposta” turbulência, magistralmente comandada e turbinada pela grande mídia dominante, como se pode ver, com clareza meridiana, analisando apenas suas manchetes.
Lançando um olhar mais abrangente e histórico: o que está realmente acontecendo? É que existe um fato verdadeiramente novo: a sociedade brasileira, como um todo, está sofrendo uma transformação. Nos 500 anos de história do Brasil, pela primeira vez um grupo significativo, que chega quase a um quarto da população de 200 milhões, está “subindo” na vida, deixando uma situação de exclusão (chame a isso como quiser: periferia, miséria, senzala mesmo) e está começando a participar na sociedade. Participar aqui significa ter um mínimo para viver, poder ter casa, ter emprego, ter escola, ter um SUS, ter energia para poder ter geladeira e outros benefícios trazidos pela eletricidade. Ter trabalho, algo fundamental - aqui na Itália, 45 % dos jovens estão desempregados e o índice de desemprego é ao redor de 20 por cento. Na Espanha a situação é ainda pior, e o Brasil tem um índice de desemprego dos menores do mundo, ao redor de 6%. Pelo Programa Bolsa Família, são perto de 13 milhões de famílias, número que multiplicado por três (no mínimo), chega a 40 milhões de brasileiros. Fico pensando porque tantas críticas, insinuações, maledicências contra um programa que consegue fazer milhões de famílias, as mais pobres, protagonistas de sua história. E fico me perguntando porque os que criticam e Programa não falam das “condicionalidades” inerentes ao programa, isto é: que os filhos devem frequentar a escola, o que veio solucionar parte dos enormes problemas de evasão escolar e de analfabetismo; que as crianças devem receber todas as vacinas, o que vem melhorar grandemente as condições de saúde; e que é fundamentalmente a mulher que gerencia o dinheiro o que, numa sociedade patriarcal como a nossa garante, a promove socialmente e lhe dá condições de mais cidadania.
Essa, no meu ponto de vista, a verdadeira questão. E aqui arrisco a consideração mais séria: grande parte dos “insatisfeitos” talvez não tenha parado para pensar que sua raiva, ou mesmo seu ódio (tenho até vergonha em escrever essas palavras...) talvez seja que há uma enormidade de gente subindo na vida, chegando lá onde eles estão...E isso desperta neles(as) um sentimento de temor, se sentem ameaçados! Vejamos com coragem: quem são os que estão protestando? Quem eram os que tiveram a coragem de dizer tais barbaridades na inauguração da copa? Porque o protesto contra a fala da Presidenta se localizou em determinados bairros, de pessoas bem posicionadas e ricas? Por que só “alguns” se incomodam? Pessoalmente não excluo a hipótese de que essa parcela não chegue mesmo a ter consciência do que os move: esse sentimento de “classe” que não permite a chegada de outros que possam diminuir privilégios.
Poder-se-ia perguntar: o que há de errado, ou ruim, que os outros também tenham o que eu tenho? O que se vê é uma reação que, na verdade, não tem razão de ser creditada apenas a um partido, ou a uma pessoa, como se está fazendo. Afinal, qual o partido que ficou isento desses escândalos? Por que dirigir, então, todo o ódio contra apenas um determinado partido? E quanto às pessoas: porque o ódio (coisas horripilantes, palavras e termos vergonhosos) contra uma pessoa? É preciso buscar mais além as razões do que estamos presenciando.
Que me desculpem, então, mas percebo que o que está acontecendo é um protesto contra um fenômeno bem mais sério e profundo, uma situação que está causando medo e ameaça pois está conseguindo produzir uma mudança qualitativa na história do Brasil: a incorporação de milhões que até há pouco viviam nas periferias e “senzalas” e que agora estão se mostrando, estão aparecendo. É um novo projeto que está em andamento, que poderá modificar qualitativamente nossa sociedade. É contra esse PROJETO que está principalmente sendo feito esse protesto! Repito: talvez os que protestem, principalmente os mais bem aquinhoados, nem tenham consciência disso. Eles têm sim um “sentimento”, um sentimento de uma classe ameaçada. E uma reação capitaneada pela mídia, que é o que pretendo refletir a seguir.
É fundamental trazer agora ao palco uma variável decisiva – a mesma que Boaventura Santos examina em seu trabalho sobre “A Grande Divisão”: os meios de comunicação! É simplesmente impossível uma análise que seja fundamentada sem que se leve em consideração o papel que eles estão desempenhando. Um olhar poro mais superficial que seja nos vai mostrar que eles sempre foram, e estão hoje, decididamente, contra esse Projeto, esses 12 anos de um governo de algum modo mais aberto à parcela mais excluída da população, interessado na inclusão de mais brasileiros(as) nos direitos de cidadania. Mas nem podia ser diferente, pois a ‘grande mídia’ está umbilicalmente ligada à classe dominante. São famílias - histórica e sociologicamente praticamente as mesmas das capitanias hereditárias e as da Casa Grande – que dominam essa mídia e conseguem dizer “o que existe” – uma coisa, nos nossos dias, existe, ou deixa de existir, se é veiculado! E mais: decidem se isso que existe “é bom ou ruim”: nossa mídia, que é uma concessão pública e que deveria informar e dar as condições para que as pessoas formassem sua opinião, não faz isso de maneira nenhuma, mas se coloca como “formadora de opinião”, dizendo o que está certo ou errado – uma usurpação de seu verdadeiro papel. Ora, o que uma mídia da Casa Grande vai dizer sobre o que está acontecendo e que a vem ameaçando? E ainda mais: essa mídia “pauta a discussão”: a população só vai saber e poder falar o que a mídia traz. Felizmente é pouca gente do povo que lê jornais...esses ainda se salvam. Mas, por outro lado, infelizmente, são milhões que só vêem televisão, e aqui a situação é calamitosa.
Ainda sobre a mídia, gostaria de salientar e lamentar a prática de alguns veículos de comunicação, principalmente da mídia escrita, que parecem se especializar na criação e alimentação até mesmo de um ódio contra determinados grupos da sociedade. Esses grupos são, em geral, os mais excluídos, os mais pobres, e principalmente os que têm coragem de se organizar e lutar para conseguir mudanças. E junto com a execração desses excluídos, vão os que os defendem. Apenas a análise das capas de Veja sobre o Movimento dos Sem Terra – muitos estudos já foram feitos sobre isso – comprova essa afirmação. Acho isso abominável. É a perpetuação de sentimentos de discriminação e de segregação.
Retomo o início. É como vejo esse momento agora. É minha opinião. Há muitas outras, e respeito a todas. Mas minhas meditações me conduzem a isso.
Indo um pouco mais a fundo
Pedrinho A. Guareschi - UFRGS
O que reflito abaixo é minha opinião, fruto de minhas ‘meditações’. Sei que há outras opiniões e respeito a todas.
Para saberem de onde falo: não estou no Brasil, estou em Roma, num estágio sênior pós-doutoral, mas tenho recebido muitas “provocações”, até mesmo telefonemas que insistem e me pedem que diga o que penso e como vejo o que está acontecendo no nosso Brasil nesses últimos meses, principalmente. E como tenho obrigações com tantos amigos, arrisco essas “meditações”.
Estaria mentindo se dissesse que não estou me interessando, ou não estou me preocupando, com o que está acontecendo. Mas também confesso que não estou angustiado. Houve momentos de nossa história, e até momentos que vivi pessoalmente, em que a situação era mais crítica. Refiro-me, especificamente, ao fim da década de 1970, em que não se podia dizer ou fazer absolutamente nada sem correr risco de até mesmo de “desaparecer”. E as coisas mudaram, a história tomou outros rumos. Mas o importante é ter em mente – e disso estou convencido – que não há um determinismo histórico. A História nós a construímos, com nossas ações, nossos projetos, nossa consciência crítica, nossas práticas coerentes. É por isso que me posiciono, com toda franqueza, deixando claras também minhas limitações.
Vejo que fundamental, para se entender o que acontece, ter uma visão maior, mais ampla, uma visão que chamaria de histórica. Não se pode ficar na superfície, vendo apenas as últimas manchetes dos jornais. Essa é uma postura medíocre e perigosa. O que vem acontecendo no Brasil hoje não é fruto do momento: faz parte de um “encadeado” de fatos, acontecimentos, tanto nacionais (brasileiros), como internacionais. Aliás, para uma excelente análise desse fenômeno recomendo o artigo do pensador Boaventura de Sousa Santos, que foi publicado no site do IBASE, com o título: “Brasil: A Grande Divisão”. Para mim esse trabalho é uma das melhores iluminações para se compreender o momento atual, tanto mundial, como o brasileiro. Vou retomar sua reflexão central, depois aplico ao caso brasileiro.
Para ele, as mudanças que estão acontecendo em alguns países da América Latina (AL), e especificamente no Brasil, são uma “ameaça” ao pensamento e às forças dominantes e hegemônicas do capitalismo mundial, fundamentado fortemente e predominante no sistema financeiro, onde mandam e decidem os grandes bancos do mundo (nesse tripé, financeiro, produtivo e militar, comanda o financeiro). Vários países da AL estão tentando se desvencilhar dessa dominação. E o Brasil esteve (e está) à frente desse movimento, como se viu na reunião dos membros do BRICS, em Fortaleza, onde inclusive foi criado um banco e um fundo anticrise como uma contraposição. Isso representa uma ameaça. E foi por isso que a mídia internacional (vou retornar a esse ponto ao final), foi totalmente contrária à possibilidade de Dilma ganhar as eleições no Brasil. Todos os grandes jornais do mundo (desse modelo capitalista financeiro) criticaram ferozmente a candidata Dilma. E isso é extremamente ilustrativo. Não existiam naquela ocasião os motivos que teríamos hoje (corrupção, Petrobrás, etc.) Era simplesmente porque ela representava um NOVO PROJETO. Eis a questão: a América Latina é uma ameaça, porque parece estar nascendo aqui um novo jeito de viver, uma alternativa ao sistema financeiro hegemônico. Esse projeto não pode prosperar. É preciso estancá-lo, matá-lo na fonte.
(Me desculpem esse parêntese: para quem lê as entrelinhas, é exatamente contra esse projeto capitalista financeiro que as falas todas do Papa Francisco se referem, com palavras duríssimas. Ele sabe bem o que os fundos “abutre” tentaram fazer com a Argentina. Não é à toa que ele esteja sofrendo cada vez maiores críticas, exatamente desses setores).
Passemos ao nosso querido Brasil, nesses dias de “suposta” turbulência, magistralmente comandada e turbinada pela grande mídia dominante, como se pode ver, com clareza meridiana, analisando apenas suas manchetes.
Lançando um olhar mais abrangente e histórico: o que está realmente acontecendo? É que existe um fato verdadeiramente novo: a sociedade brasileira, como um todo, está sofrendo uma transformação. Nos 500 anos de história do Brasil, pela primeira vez um grupo significativo, que chega quase a um quarto da população de 200 milhões, está “subindo” na vida, deixando uma situação de exclusão (chame a isso como quiser: periferia, miséria, senzala mesmo) e está começando a participar na sociedade. Participar aqui significa ter um mínimo para viver, poder ter casa, ter emprego, ter escola, ter um SUS, ter energia para poder ter geladeira e outros benefícios trazidos pela eletricidade. Ter trabalho, algo fundamental - aqui na Itália, 45 % dos jovens estão desempregados e o índice de desemprego é ao redor de 20 por cento. Na Espanha a situação é ainda pior, e o Brasil tem um índice de desemprego dos menores do mundo, ao redor de 6%. Pelo Programa Bolsa Família, são perto de 13 milhões de famílias, número que multiplicado por três (no mínimo), chega a 40 milhões de brasileiros. Fico pensando porque tantas críticas, insinuações, maledicências contra um programa que consegue fazer milhões de famílias, as mais pobres, protagonistas de sua história. E fico me perguntando porque os que criticam e Programa não falam das “condicionalidades” inerentes ao programa, isto é: que os filhos devem frequentar a escola, o que veio solucionar parte dos enormes problemas de evasão escolar e de analfabetismo; que as crianças devem receber todas as vacinas, o que vem melhorar grandemente as condições de saúde; e que é fundamentalmente a mulher que gerencia o dinheiro o que, numa sociedade patriarcal como a nossa garante, a promove socialmente e lhe dá condições de mais cidadania.
Essa, no meu ponto de vista, a verdadeira questão. E aqui arrisco a consideração mais séria: grande parte dos “insatisfeitos” talvez não tenha parado para pensar que sua raiva, ou mesmo seu ódio (tenho até vergonha em escrever essas palavras...) talvez seja que há uma enormidade de gente subindo na vida, chegando lá onde eles estão...E isso desperta neles(as) um sentimento de temor, se sentem ameaçados! Vejamos com coragem: quem são os que estão protestando? Quem eram os que tiveram a coragem de dizer tais barbaridades na inauguração da copa? Porque o protesto contra a fala da Presidenta se localizou em determinados bairros, de pessoas bem posicionadas e ricas? Por que só “alguns” se incomodam? Pessoalmente não excluo a hipótese de que essa parcela não chegue mesmo a ter consciência do que os move: esse sentimento de “classe” que não permite a chegada de outros que possam diminuir privilégios.
Poder-se-ia perguntar: o que há de errado, ou ruim, que os outros também tenham o que eu tenho? O que se vê é uma reação que, na verdade, não tem razão de ser creditada apenas a um partido, ou a uma pessoa, como se está fazendo. Afinal, qual o partido que ficou isento desses escândalos? Por que dirigir, então, todo o ódio contra apenas um determinado partido? E quanto às pessoas: porque o ódio (coisas horripilantes, palavras e termos vergonhosos) contra uma pessoa? É preciso buscar mais além as razões do que estamos presenciando.
Que me desculpem, então, mas percebo que o que está acontecendo é um protesto contra um fenômeno bem mais sério e profundo, uma situação que está causando medo e ameaça pois está conseguindo produzir uma mudança qualitativa na história do Brasil: a incorporação de milhões que até há pouco viviam nas periferias e “senzalas” e que agora estão se mostrando, estão aparecendo. É um novo projeto que está em andamento, que poderá modificar qualitativamente nossa sociedade. É contra esse PROJETO que está principalmente sendo feito esse protesto! Repito: talvez os que protestem, principalmente os mais bem aquinhoados, nem tenham consciência disso. Eles têm sim um “sentimento”, um sentimento de uma classe ameaçada. E uma reação capitaneada pela mídia, que é o que pretendo refletir a seguir.
É fundamental trazer agora ao palco uma variável decisiva – a mesma que Boaventura Santos examina em seu trabalho sobre “A Grande Divisão”: os meios de comunicação! É simplesmente impossível uma análise que seja fundamentada sem que se leve em consideração o papel que eles estão desempenhando. Um olhar poro mais superficial que seja nos vai mostrar que eles sempre foram, e estão hoje, decididamente, contra esse Projeto, esses 12 anos de um governo de algum modo mais aberto à parcela mais excluída da população, interessado na inclusão de mais brasileiros(as) nos direitos de cidadania. Mas nem podia ser diferente, pois a ‘grande mídia’ está umbilicalmente ligada à classe dominante. São famílias - histórica e sociologicamente praticamente as mesmas das capitanias hereditárias e as da Casa Grande – que dominam essa mídia e conseguem dizer “o que existe” – uma coisa, nos nossos dias, existe, ou deixa de existir, se é veiculado! E mais: decidem se isso que existe “é bom ou ruim”: nossa mídia, que é uma concessão pública e que deveria informar e dar as condições para que as pessoas formassem sua opinião, não faz isso de maneira nenhuma, mas se coloca como “formadora de opinião”, dizendo o que está certo ou errado – uma usurpação de seu verdadeiro papel. Ora, o que uma mídia da Casa Grande vai dizer sobre o que está acontecendo e que a vem ameaçando? E ainda mais: essa mídia “pauta a discussão”: a população só vai saber e poder falar o que a mídia traz. Felizmente é pouca gente do povo que lê jornais...esses ainda se salvam. Mas, por outro lado, infelizmente, são milhões que só vêem televisão, e aqui a situação é calamitosa.
Ainda sobre a mídia, gostaria de salientar e lamentar a prática de alguns veículos de comunicação, principalmente da mídia escrita, que parecem se especializar na criação e alimentação até mesmo de um ódio contra determinados grupos da sociedade. Esses grupos são, em geral, os mais excluídos, os mais pobres, e principalmente os que têm coragem de se organizar e lutar para conseguir mudanças. E junto com a execração desses excluídos, vão os que os defendem. Apenas a análise das capas de Veja sobre o Movimento dos Sem Terra – muitos estudos já foram feitos sobre isso – comprova essa afirmação. Acho isso abominável. É a perpetuação de sentimentos de discriminação e de segregação.
Retomo o início. É como vejo esse momento agora. É minha opinião. Há muitas outras, e respeito a todas. Mas minhas meditações me conduzem a isso.
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#impeachment; #Guareschi; #Dilma
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Obrigada. Por um mundo mais solidário!