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Invasões - O medo que isso provoca nas pessoas

Invasões... dos  Sem Terra, dos Sem Teto.... e outras.... O medo que isso provoca nas pessoas...
Parece que muitas pessoas da classe média, média-alta e a alta (se ainda podemos usar essa classificação) não entendem o significado dos movimentos sociais.
Não têm conhecimento sobre as necessidades urgentes de uma reforma agrária. Não entendem que há pessoa que não tem onde morar.
(A ser continuado...)

Algumas "pérolas" que tenho ouvido por ai:

Chat de Corredor

Vizinho que mora três meses na cidade, três meses na praia... volta depois de 3 meses e encontra a vizinha de porta:
- Oi vizinha, tudo bem?
- Tudo e você?
- Ótimo! Pois não invadiram, né? (em tom de brincadeira)

Discutindo sobre as invasões do MST com certa pessoa:

Conversávamos sobre política, os acontecimentos na atualidade, impeachment, etc, até que entramos no assunto do MST:
- Tu acha certo essas pessoas quebrarem, destruírem as fazendas por ai? Foi um prefeito do PT, uma vereadora do PT que entraram na fazenda e destruiram a plantação de laranjas e um trator.
- Mas tu acha certo um único homem ser dono de 1 milhão de hectares?
- Acho sim. Se a fazenda é produtiva, acho sim.
- Talvez esse seja o único recurso que encontram...
- [cortando minha fala] Me admira tu uma professora falar isso!


Dr. Rosinha a Moro: Por que não pede à mídia para contar a verdade sobre os sem-terra assassinados no Paraná e a grilagem da Araupel?

Captura de Tela 2016-04-09 às 19.49.18
Carta aberta ao juiz Sérgio Moro
Doutor Sérgio Moro,
O senhor deve conhecer ‘O dia da criação’, poema de Vinicius de Moraes:
“Hoje é sábado, amanhã é domingo / A vida vem em ondas, como o mar / Os bondes andam em cima dos trilhos / E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar. 
Hoje é sábado, amanhã é domingo / Não há nada como o tempo para passar / Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo / Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal”.
Hoje é sábado, e se bondes houvesse, continuariam, e onde há, continuam a andar em cima dos trilhos. No mais, a vida — dos que estão vivos — continua indo e voltando como as ondas do mar.
Digo dos que estão vivos porque alguns que neste sábado poderiam estar com filhos e esposas esperando o domingo, não estão: são velados e enterrados por familiares e amigos.
Doutor Sérgio Moro, creio que o senhor deve estar se perguntando: “o que tenho a ver com esses mortos e por que esta carta endereçada a mim?”.
É que “Hoje é sábado, amanhã é domingo / Amanhã não gosta de ver ninguém bem / Hoje é que é o dia do presente / O dia é sábado”.
Estou aproveitando este sábado, “que é o dia do presente”, para uma reflexão, e não há como refletir sem se fazer perguntas e sem perguntar o papel que cabe a qualquer um de nós na vida, principalmente neste momento de crise, conturbações, ódio e mortes.
E o senhor, para muitos, inclusive para mim, é um dos corresponsáveis pelos contornos do atual momento no Brasil.
Com todo respeito ao seu ponto de vista, coloco o meu. Entendo ser um dos responsáveis pela crise e pela conturbação porque é um dos personagens centrais de uma das mais importantes investigações do momento, a chamada operação “lava jato” (em minúscula).
Todos queremos ver um país livre da corrupção, e todos queremos ver os corruptos e corruptores punidos. Porém, discordo do método e de parte do mérito de sua atuação.
Quanto ao método: está expondo seletivamente, escolhendo a dedo, pessoas, empresas e processos. Quanto ao mérito, não preciso citar nomes e partidos porque o senhor conhece bem a todos: nem todo corrupto e nem todo corruptor está sendo investigado.
Ainda quanto ao método, a aliança com algumas das empresas privadas de comunicação e a maneira com que têm sido divulgadas as informações está aprofundando a crise, a conturbação e construindo o ódio na sociedade.
Sabe o senhor que pessoas têm sido agredidas, física, psicológica e moralmente, nas ruas, só por trajar uma peça de roupa vermelha ou por ser identificado ou suspeito de alguma relação com o PT ou algum movimento social. Sedes de partidos, sindicatos e centrais sindicais têm sido violadas.
Nas últimas semanas (o senhor que é morador da cidade deve ter tomado conhecimento), moradores de rua de Curitiba foram agredidos e assassinados.
Dias atrás, o líder de um movimento social e dirigente do PT de Mogeiro (PB), Ivanildo Francisco da Silva, foi assassinado na frente de sua filha de um ano e seis meses.
No Paraná, na última quinta-feira (7), dois trabalhadores rurais, militantes do MST, foram assassinados por capangas e por alguns policiais militares que estavam, com o consentimento do governador Beto Richa (PSDB), a serviço de uma empresa chamada Araupel, comprovadamente uma grileira de terras da União.
Novamente, o senhor deve estar se perguntando: “o que tenho a ver com isso?”
No último dia 13 de março, um domingo, durante as manifestações de rua a favor de um golpe de Estado, o senhor enviou uma nota para a Rede Globo, que entre outras afirmações pedia “que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas”.
O senhor tem todo o direito de fazer uma leitura diferente da minha quanto ao momento conjuntural que vivemos, e o resultado a que se pode chegar. Mas quero lhe dizer que, mantendo o atual modelo de investigação e divulgação da “lava jato”, não chegaremos a bom porto.
Além de aprofundar a crise, haverá crescimento do ódio e, consequentemente, da violência. Os atos de violência comentados acima são os primeiros frutos deste ódio. Ódio construído dia a dia pelo comportamento das empresas privadas de comunicação, com a conivência, quando não estímulos, de algumas autoridades.
Doutor Moro, é preciso investigar com imparcialidade e em silêncio, sem vazamentos seletivos, sem manipulação da verdade, ou então o ódio crescerá.
“Hoje é sábado, amanhã é domingo”. Hoje é um sábado, como será amanhã um domingo, para muitas pessoas, diferente de outros, principalmente para os familiares e amigos de Vilmar Bordim, 44 anos, casado, pai de três filhos e Leomar Bhorbak, 25 anos, casado, cuja esposa está grávida de nove meses.
Hoje é sábado e estão sendo enterrados Vilmar e Leomar. Amanhã é domingo de luto, indignação e revolta.
Doutor Moro, se no dia 13, um domingo, pediu que a voz das ruas fossem ouvidas, por que o senhor não aproveita que amanhã é um domingo e pede para as autoridades ouvirem os gritos de dor e o clamor, dessas famílias sem-terra, por justiça?
Assim, quem sabe, as empresas privadas de comunicação façam o que não fazem na lava jato: contar a verdade sobre estes assassinatos e sobre a grilagem de terras da Araupel.
“Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado.”
Respeitosamente,
Florisvaldo Fier
(Dr. Rosinha)


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