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Mas, afinal, o que é tornar-se psicóloga?

Mas, afinal, o que é tornar-se psicóloga?

Pergunta difícil. Sem uma resposta única, linear, pois embora haja uma única Psicologia como profissão, há diferentes modos de a definir e agir nesse campo. Por isso, costumo dizer que não há uma psicologia, mas muitas, tantas quantas forem as concepções de mundo, de pessoas. Por isso, tantas teorias em psicologia (psicanálise, cognitivo-comportamental, gestalt, etc.)
Como são muitas as visões de mundo, modos de pensar e sentir, diversos serão o fazer em psicologia.
Uma psicóloga se enreda nas histórias de vida das pessoas, mas não ao ponto de se emaranhar nelas, de se confundir com elas. Uma psicóloga escuta. Só isso??? Nos dias de hoje, cada vez mais estamos nos fechando para o Outro. Medo, pressa... A escuta na psicologia não é só sentar e ficar ouvindo a outra pessoa, porque isto qualquer um pode fazer. A escuta na psicologia deve envolver um desejo de que o outro à sua frente consiga encontrar caminhos para viver bem consigo mesmo e com as outras pessoas (essa parte é fundamental, COM AS OUTRAS PESSOA também). A psicóloga vai colocando "pulgas atrás da orelha" da pessoa... será que é assim mesmo? É isso mesmo que você quer? Por que você deseja isso? Qual tua responsabilidade na tua própria vida? Qual teu compromisso com as pessoas, com o mundo, a sociedade?
Não, a gente não dá resposta. Mas isso não significa ficar muda, como uma estátua na frente da pessoa. Não é isso. Ela põe alguns temperos (e tira outros) nas falas das pessoas para que elas olhem pra dentro de si e para seus arredores também. Uma psicóloga vive, sofre, ama. Precisa ser uma amante de vida e de pessoas acima de tudo. Aquele estereótipo de psicóloga com "cara de porta", que não sorri, que não se importa com você é um estereótipo, quase um mito - esse tipo de fazer em Psicologia precisa ser questionado, pois uma psicologia assim é uma espantadora de pessoas e um possível cativeiro.
Mas fique atento. O silêncio na Psicologia também é importante e se faz necessário. O silêncio fala e nele pode se produzir muitas coisas interessantes...
Uma psicóloga abre espaços para que as pessoas possam compartilhar suas experiências de vida, suas problemáticas existenciais, suas dificuldades, seus amores diversos, seus desejos, sem julgamentos. Essa parte é a mais difícil. Possibilitar que a pessoa se abra e potencializar sua capacidade de enfrentamento da situação. O que você pode fazer para ser diferente? O que consegue? O que quer pra si mesmo? O que espera do outro? Que sociedade quer pra viver? Junto com esses questionamentos, a psicóloga sinaliza e ilumina caminhos para se alcançar a compreensão de que o outro não pode lhe oferecer mais do que ele é capaz de dar, mas você pode ser capaz de abrir brechas, alternativas no seu modo de encarar a vida e viver bem com os outros.
As respostas, na maioria das vezes, não são fáceis de se construir. E não as construímos sozinhas. Vamos a fundo na conversa, no diálogo. As respostas estão no início de nossas vidas, nas relações com nossos cuidadores iniciais. Estão no meio e no agora também.
Olhar cuidadosamente pra tudo isso dói, pois ao olharmos vamos nos dando conta do por que de nossas mágoas, nossas feridas e, pior, repetimos nas nossas relações atuais atos muito semelhantes (com outra roupagem, às vezes) com aqueles que nos causaram sofrimento. É justamente ai que uma psicóloga pode trabalhar, para que você não caminhe sozinha na busca de suas respostas. Por isso, o tempo da psicologia é um tempo não cronológico, não tem a ver com horário, com dias, semanas, meses. É o tempo de cada um, pois somos todos singulares. Por isso também as muitas psicologias que falei antes.
Hoje, dia 27 de agosto, dia da psicóloga. E estou muito feliz por ter podido fazer essa escolha.
Obrigada a todos que um dia compartilharam um pedaço de si comigo e que me ensinaram que ser psicóloga é muito importante e muito gratificante!

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