Em meados de dezembro de 2016...
"Assim como há uma escolha de terapeuta, deve haver uma escolha de veículo - divã, cadeira ou palco - [...]" (MORENO, 2014, p.15).
Na UFSM a gente tem aula no Prédio 74c, mas também tem aula ao ar livre, lá no lindo bosque atrás do Prédio da Reitora.
Era uma aula sobre-em psicodrama. Num dia quente, mas com brisa boa. Depois da Ocupação, a galera se reuniu, disposta a ter aula presencial. Psicodrama em grupo. Para quem não sabe, há psicodrama individual (paciente e terapeuta) e psicodrama em grupo. DAVOLI (1999, p.80) se pergunta (e eu também) "por que, cada vez menos, os psicodramatistas atendem grupos em seus consultórios. Se o locus da saúde-doença se dá nos grupos, por que temos deixado de atender grupos? Se a espontaneidade se dá nas relações, o que temos feito com esses conceitos nos atendimentos individuais?"
Vir para uma aula de psicodrama exige coragem. Abertura ao Alter. Arriscar-se. Aventurar-se. Mas, com certeza, a experiência vale à pena.
Este foi o dia de docência orientada da Tatiana Siqueira. Também conhecida como Tati, para os mais íntimos. Tatiana atende em consultório e utiliza o psicodrama como uma das técnicas para fazer a diferença no espaço terapêutico. O Cézar Vieira Junior também seguiu firme na docência, nos acompanhando.
Minha experiência com psicodrama começou na Unisinos, no início dos anos 90. Tive a oportunidade de ter algumas aulas na disciplina de grupos. Depois, aprendi mesmo psicodrama com um maravilhoso terapeuta lá em Los Angeles, quando fazia minha residência no Brotman Medical Center. Bom, psicodrama não é minha especialidade, mas gosto muito do seu potencial terapêutico... e a aula que tivemos mostrou um pouco desse potencial.
Primeiro, fizemos uma atividade de relaxamento. Em pé, cantamos uma canção. Deitados, de olhos fechados, cada um foi se imaginando na infância, conversando com alguém e depois se despedindo deste alguém.
Após, dividimos a galera em pequenos grupos. Cada um compartilhou sua experiência com o grupo.
Se organizando para formar os pequenos grupos
Grupo 1
Grupo 2
Grupos 3 e 4
Depois, retornamos ao grande grupo e identificamos três temas centrais para serem trabalhados na dramatização: equidade de gênero, autoridade e "meu corpo me pertence". Por que falar dessas coisa? Arriscado, não? Mas o psicodrama propicia e até pressupõe ação política, crítica do contexto que se vive. De fato, "a psicoterapia de grupo viaja na contramão da cultura atual" (FONSECA, 1999, p.10).
A turma escolheu dramatizar o primeiro, pois considerou que englobava os demais.
E aí começou.... A Kariane foi a primeira corajosa a dramatizar... dramatizou a colocação de um poster na árvore que mostrava um par de olhos se revirando e "debochando" de homens feministas (tirado de uma cena real trazida no grande grupo).
Dali, não paramos mais de dramatizar e trocar papéis. Focamos no "princípio de espontaneidade e improvisação, expresso no caráter imprevisível da interação" (RUSSO, 1999, p.15).
Terminadas as dramatizações, voltamos ao grande grupo para conversar sobre toro o processo:
Finalizamos deitando no chão com um breve relaxamento e tiramos uma foto da vista acima de nós.
Pedi que eles me enviassem as fotos. Estou no aguardo... Ai estão as que recebi. O psicodrama possibilita que nosso olhar tão fechado em si mesmo nos dias de hoje possa se expandir pelo horizonte infinito. Uma floresta só existe porque existe outra árvore, outra árvore, mais outra e outra. Todas em relação formando um todo, mas nenhuma perde sua singularidade. Assim, somos nós em grupo. Precisamos do outro para nos constituir e fazer floresta nas nossas existências. "O psicodrama transgride. Adentra sem restrições um mundo imaginário, decide que esse é o melhor dos mundos possíveis para a sua atuação" (GONÇALVES, 1999, p. 191).
Foto: Rafa
Foto: Anniara
Foto: Adriane
Referências
ALMEIDA, Wilson C. de. (org.). Grupos. A proposta do psicodrama. São Paulo: Àgora, 1999. (RUSSO, L. Breve história dos grupos terapêuticos e GONÇALVES, C. S. Mitologias familiares).
MORENO, Jacob L.; MORENO, Z. T. Fundamentos do psicodrama. São Paulo: Summus, 2014.
"Assim como há uma escolha de terapeuta, deve haver uma escolha de veículo - divã, cadeira ou palco - [...]" (MORENO, 2014, p.15).
Na UFSM a gente tem aula no Prédio 74c, mas também tem aula ao ar livre, lá no lindo bosque atrás do Prédio da Reitora.
Era uma aula sobre-em psicodrama. Num dia quente, mas com brisa boa. Depois da Ocupação, a galera se reuniu, disposta a ter aula presencial. Psicodrama em grupo. Para quem não sabe, há psicodrama individual (paciente e terapeuta) e psicodrama em grupo. DAVOLI (1999, p.80) se pergunta (e eu também) "por que, cada vez menos, os psicodramatistas atendem grupos em seus consultórios. Se o locus da saúde-doença se dá nos grupos, por que temos deixado de atender grupos? Se a espontaneidade se dá nas relações, o que temos feito com esses conceitos nos atendimentos individuais?"
Vir para uma aula de psicodrama exige coragem. Abertura ao Alter. Arriscar-se. Aventurar-se. Mas, com certeza, a experiência vale à pena.
Este foi o dia de docência orientada da Tatiana Siqueira. Também conhecida como Tati, para os mais íntimos. Tatiana atende em consultório e utiliza o psicodrama como uma das técnicas para fazer a diferença no espaço terapêutico. O Cézar Vieira Junior também seguiu firme na docência, nos acompanhando.
Minha experiência com psicodrama começou na Unisinos, no início dos anos 90. Tive a oportunidade de ter algumas aulas na disciplina de grupos. Depois, aprendi mesmo psicodrama com um maravilhoso terapeuta lá em Los Angeles, quando fazia minha residência no Brotman Medical Center. Bom, psicodrama não é minha especialidade, mas gosto muito do seu potencial terapêutico... e a aula que tivemos mostrou um pouco desse potencial.
Primeiro, fizemos uma atividade de relaxamento. Em pé, cantamos uma canção. Deitados, de olhos fechados, cada um foi se imaginando na infância, conversando com alguém e depois se despedindo deste alguém.
Após, dividimos a galera em pequenos grupos. Cada um compartilhou sua experiência com o grupo.
Se organizando para formar os pequenos grupos
Grupo 1
Grupo 2
Grupos 3 e 4
Depois, retornamos ao grande grupo e identificamos três temas centrais para serem trabalhados na dramatização: equidade de gênero, autoridade e "meu corpo me pertence". Por que falar dessas coisa? Arriscado, não? Mas o psicodrama propicia e até pressupõe ação política, crítica do contexto que se vive. De fato, "a psicoterapia de grupo viaja na contramão da cultura atual" (FONSECA, 1999, p.10).
A turma escolheu dramatizar o primeiro, pois considerou que englobava os demais.
E aí começou.... A Kariane foi a primeira corajosa a dramatizar... dramatizou a colocação de um poster na árvore que mostrava um par de olhos se revirando e "debochando" de homens feministas (tirado de uma cena real trazida no grande grupo).
Dali, não paramos mais de dramatizar e trocar papéis. Focamos no "princípio de espontaneidade e improvisação, expresso no caráter imprevisível da interação" (RUSSO, 1999, p.15).
Terminadas as dramatizações, voltamos ao grande grupo para conversar sobre toro o processo:
Finalizamos deitando no chão com um breve relaxamento e tiramos uma foto da vista acima de nós.
Pedi que eles me enviassem as fotos. Estou no aguardo... Ai estão as que recebi. O psicodrama possibilita que nosso olhar tão fechado em si mesmo nos dias de hoje possa se expandir pelo horizonte infinito. Uma floresta só existe porque existe outra árvore, outra árvore, mais outra e outra. Todas em relação formando um todo, mas nenhuma perde sua singularidade. Assim, somos nós em grupo. Precisamos do outro para nos constituir e fazer floresta nas nossas existências. "O psicodrama transgride. Adentra sem restrições um mundo imaginário, decide que esse é o melhor dos mundos possíveis para a sua atuação" (GONÇALVES, 1999, p. 191).
Foto: Rafa
Foto: Anniara
Foto: Adriane
Referências
ALMEIDA, Wilson C. de. (org.). Grupos. A proposta do psicodrama. São Paulo: Àgora, 1999. (RUSSO, L. Breve história dos grupos terapêuticos e GONÇALVES, C. S. Mitologias familiares).
MORENO, Jacob L.; MORENO, Z. T. Fundamentos do psicodrama. São Paulo: Summus, 2014.
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