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Sim, sou feminista!

Quando eu era adolescente, meu sonho, entre outros, era ser invisível.
Invisível para poder andar nas ruas sozinha, correr à noite ou de madrugada para fazer exercício, ir no centro da cidade sem depender de carona de algum rapaz...

Quando eu era adolescente eu assava galeto para a turma, eu subia em árvore, jogava basquete, surfava de morey (quando ainda era "feio" fazer isso), comia tanto quanto um menino...

Quando eu era adolescente queria ser astronauta, inventar uma máquina de leitura de pensamento, cantar como Lilian, do "Eu sou rebelde", falar nove idiomas como o diretor do Goethe Institut...

Quando eu era adolescente ficava indignada quando me diziam que havia coisas que só os homens podiam fazer ou só as mulheres, ou quando diziam que uma menina era vadia só por que dormia com um cara antes de casar...


Quando era adolescente eu já era feminista e não sabia. Fui saber muitos anos depois quando comecei a ler como outras mulheres se sentiam tolhidas, encolhidas. E que havia um caminho para a mudança: não se calar frente a opressão e se juntar às outras mulheres e homens que lutam por justiça.

Minha mãe era feminista. Empresária, advogada, primeira pilota de automóvel de corrida no RS. Meu pai era feminista. Foi o primeiro a abrir vagas para mulheres na sua escola gratuita de datilografia em São Leopoldo. Nunca se denominaram feministas, mas ambos lutavam pela igualdade de acesso para as mulheres.

Os neurocientistas que acreditam que gênero é predominantemente determinado pela biologia, argumentarão que eu herdei essa "constituição biológica", que me levou a sonhar e desejar coisas estranhas - como ser invisível - de minha mãe. Eu argumentarei que aprendi a ser mulher e feminista com o exemplo de meus pais.

Sim, a biologia existe e nem nego. Aliás, a disciplina de Biologia, ministrada pelo grande professor Eugênio Hackbart, foi uma de minhas paixões. Mas a Biologia pode ser usada para discriminar também, para dar respostas simplista para aqueles que desesperadametne precisam de resposta. Quando algo não é como se quer, com certeza é mais fácil culpar um gen (algo que não temos controle sobre) do que admitir que alguém pode ter um gosto, um desejo, um jeito de viver diferente do seu.



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