Skip to main content

Sobre coautoria e autoria de artigos científicos


Resolvi escrever esse post, por que tem muita confusão por aí. Vou escrever sobre como penso que deve ser, mas o que escrevo vale para nosso grupo de pesquisa. Aqui me sinto muito segura em dizer que todos os trabalhos apresentados em eventos são lidos, revisados por mim e sempre busco dar sugestões e acrescento/altero o conteúdo na maioria das vezes. Sempre digo: TODO trabalho que vai meu nome, tem que passar por mim. E eu me dedico a cada trabalho.
Então: 
trabalho para evento derivado de dissertação, primeiro autor = mestranda, segundo = orientadora (Eu, no caso), 3º coorientadora, 4º = apresentadora, se ela contribuir significativamente. A ideia é que trabalhos para eventos derivem da dissertação e não sejam trabalhos pequenos, que morram após o evento. Pq? Pq o trabalho deverá ser investido para se tornar um artigo no futuro, um texto que valha á pena ser lido, que tenha fundamentos.... Então, quem está sendo preparada para autorar um artigo é sempre a mestranda e não as estudantes de iniciação científica (ICs). As ICs terão sua vez qdo forem mestrandas ou quiserem encabeçar um artigo e isso é tarefa que exige muito trabalho, destreza, dedicação. 
Mas se é a IC que tem a ideia? Ótimo. As ics devem mesmo ter ideias para colaborar com as mestrandas. A ideia é fundamental, mas ela não capacita, por si só, a pessoa a autorar o artigo. 
Se o evento EXIGIR nas normas que a 1 autora seja a apresentadora do trabalho, td bem. Aí é outra coisa. Teremos que seguir as regras.
As mestrandas devem lembrar que estão trabalhando toda as semanas com as ics, orientando, indicando leituras, etc, que são elementos essenciais para a preparação científica, a qual, por sua vez, leva ao movimento de escrita de trabalhos. Assim, nada mais justo que a mestranda seja a primeira autora. Do meu lado, também estou orientando cada trabalho da mestranda. E minha orientação não é uma "correção de vírgulas" (isso tb!), mas é conceber a estrutura, dirigir para questionamentos, apontar para as teorias.
Quando o trabalho deriva diretamente do projetão (Guarda-chuva), eu serei a primeira autora, pois fui eu que concebi o projeto, fiz a escrita dele, etc. Daí, nessas ocasiões, eu convido, individualmente, alguém para trabalhar comigo. Às vezes, esse alguém é uma ic, super dedicada, que faz leituras intensas; outras vezes, é uma mestranda, uma colega minha...

Teve situações em que um TCC foi transformado em artigo e eu fiquei de primeira autora, mas em comum acordo com o autor do TCC, que por motivos particulares, não quiseram ou não puderam fazer o investimento de transformar o TCC em artigo. E essa transformação, não é simples e nem automática. É preciso, depois da defesa, continuar pensando e atualizando o escrito. 

Enfim, cada um terá a oportunidade de autorar um artigo, se assim desejar e trabalhar. E é super legal isso, dá trabalho, mas depois, quando a gente "vê" a peça pronta e envia para submeter, temos um sentimento de esperança, de que o que escrevemos vai ser lido por várias pessoas, vai servir para instigar mais reflexões...


Vejam o que dizem esses autores:

"Cada autor deve ter participado suficientemente do trabalho para poder assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteúdo (o grifo é nosso). Sua participação deve incluir: a) a concepção ou delineamento ou ainda análise e interpretação dos dados, ou ambos; b) redação do manuscrito ou sua revisão, quando inclua crítica intelectual importante de seu conteúdo; c) aprovação final da versão a ser publicada. A simples participação na coleta de dados não justifica...." Ler em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33061997000200014

"A questão da ordem de citação está em aberto, necessitando maiores estudos, discussão e clareza de critérios. Vale ressaltar que não cabe mais a caracterização indiscriminada de que o primeiro nome citado é o do autor e, que os demais citados, a partir deste, sejam denominados de co-autores, como se tivessem tido uma participação secundária. Com o objetivo de preservar a justiça, o critério utilizado para estabelecer a seqüência deve ser discutido pela equipe de pesquisadores e citado, no próprio trabalho, como nota de rodapé, indicando as atribuições de cada um dos autores na realização do projeto...".https://www.ufrgs.br/bioetica/autor.htm

"O assunto autoria, portanto, continua em discussão e existem normas internacionalmente aceitas para resolvê-lo. Qualquer que seja a norma adotada, é necessário ficar bem claro que autor é alguém que teve envolvimento importante com o planejamento do trabalho, participou de sua execução, conhece integralmente seu conteúdo e está preparado para discuti-lo. “Se você não fez o trabalho, não ponha seu nome no manuscrito. Se você puser seu nome, estará a ele amarrado indissoluvelmente” (Wooley(17)". Leia em: http://www.jornaldepneumologia.com.br/PDF/1999_25_3_5_portugues.pdf

Sei que a questão de autoria é controversa e que há diferentes modos de encarar. Mas esse é o modo como eu acho mais justo trabalhar. Então, conversem sobre isso, para que fique claro o lugar de participação de cada um nos escritos, de modo que ninguém seja pego de surpresa. Tudo o que escrevi, é como EU entendo, mas estou aberta para seguir pensando e reformular minhas práticas docente e de orientadora.... E,s e por acaso, não fui justa com você, LET ME KNOW! Vamos reparar isso!!!

Comments

Popular posts from this blog

Quem sou EU em frente ao espelho?

Texto escrito e pensando em conjunto entre a Mestranda do PPGP, Psicóloga Ana Flavia de Souza e a acadêmica de Psicologia da UFSM, aluna de Iniciação Científica, Luize Carvalho. Ambas integram o Núcleo VIDAS.      Você já se deparou olhando-se no espelho? Quem você está vendo? O que está vendo? Você gosta dessa imagem?      A imagem que temos de nós mesmas é algo importante na construção de quem somos, de como agimos conosco e com as demais pessoas na sociedade. Por que falar sobre isso é importante? Atualmente, estamos observando uma crescente “onda” de aderência a procedimentos estéticos visando a beleza, mas afinal, que beleza é essa? O espelho está lhe apresentando você ou um ideal de si?      Trazer à tona discussões nesse campo é algo difícil, uma vez que também estamos imersas nesse contexto, sendo mulheres e consumidoras de bens e serviços. Mas nos questionamos justamente por isso, por acreditarmos que talvez a “imagem” que está no es...

Teoria da Identidade Social: uma síntese

Teoria da Identidade Social (1979)                                                                       Henry Tajfel John Turner Fonte: The Guardian Para quem estuda a Teoria das Representações Sociais ai vai uma dica. Estude a Teoria da Identidade Social - Uma das teorias mais tradicionais na Psicologia Social. Veja uma uma síntese em: https://drive.google.com/open?id=12xd1-fp2GRigCg3WUL14JOlRhu8i0Zw9

Desaparecimento das Carochinhas

Quando eu era criança, na frente de minha casa, em São Leopoldo, tinham várias extremosas ( Lagerstroemia indica ), ou também conhecidas como  escumilha, resedá ou árvore- de-júpiter ( em inglês =  crape myrtle).  (Fotos tiradas por mim na Rua Professor Teixeira, Santa Maria, RS) Essas árvores eram tomadas por carochinhas... sumiram! Para quem não conhece, carochinhas são pequenos animaizinhos parecidos com joaninha. Transformaram-se em personagens de contos infantis - estórias da carochinha. (Foto de Luiz Felipe Varela, disponível em  Carochinha  ) Custei para achar uma foto da carochinha no Google. Se alguém tiver alguma foto, por gentileza, nos envie. Elas estão sumidas da terra e do Google... Era diversão da gurizada amarrar uma linha de costura na perninha da carochinha e ir passear com ela. Fiz isso algumas vezes, até que comecei a ficar com pena delas. "Onde foram parar as carochinhas", perguntaria Mario Quintana, se e...