Sobre o livro que estou escrevendo durante o pós-doc na Harvard/About the book I am writing during my postdoctoral fellowship at Harvard/ Sobre el libro que estoy escribiendo durante mi posdoctorado en Harvard: "The ‘Witch-Hunting’ Against Feminists in Latin America".
Por/By Adriane Roso
Estou muito adiantada e contente com o andamento da escrita do meu novo livro: “A Disturbing Resurgence: The ‘Witch-Hunting’ Against Feminists in Latin America. The meanings of (anti)feminism in the contexts of religious and political neoconservatism”. Segue aqui uma descrição de alguns capítulos:
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I am making great progress and am very pleased with the development of my new book: “A Disturbing Resurgence: The ‘Witch-Hunting’ Against Feminists in Latin America. The meanings of (anti)feminism in the contexts of religious and political neoconservatism.” Below is a description of some of the chapters:
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Estoy muy adelantada y contenta con el avance de la escritura de mi nuevo libro: “Un Resurgimiento Preocupante: La 'Caza de Brujas' Contra las Feministas en América Latina. Los significados del (anti)feminismo en los contextos de neoconservadurismo religioso y político”. A continuación, presento una descripción de algunos capítulos:
En el Capítulo 7, “El Auge del Antifeminismo Norteamericano (~1848–1920) y las Representaciones Sociales sobre Mujeres y Feministas”, examino críticamente la aparición, consolidación y estrategias de comunicación del antifeminismo en Estados Unidos desde la era del sufragio hasta principios del siglo XX. Comenzando con las raíces del movimiento y su terminología, muestro cómo la oposición temprana se unificó primero como antisufragio y sólo después adoptó el nombre de “antifeminismo”. A través del análisis de textos, publicaciones y grandes debates públicos antisufragistas, documento cómo los discursos antifeministas, anclados en miedos sobre raza, género, inmigración y cambio social, recurrieron a argumentos religiosos, ansiedades sobre la disolución familiar y visiones esencialistas del género para justificar la exclusión continua de las mujeres de la vida pública. Al revisar y categorizar sistemáticamente cientos de referencias, revelo las estrategias retóricas persistentes que retratan a mujeres, sufragistas y feministas como emocionalmente inestables, moralmente sospechosas, masculinizadas o simplemente incompetentes, a la vez que refuerzan la superioridad masculina como algo natural, racional y destinado al liderazgo.
No Capítulo 1, “Rumo a uma Escrita Implicada (Engaged Writing)”, reflito sobre o caráter profundamente pessoal, político e situado da pesquisa feminista. Meu objetivo neste capítulo é destacar como todo projeto de pesquisa nasce do desejo e é moldado pela minha própria posição social, história e contexto, sublinhando a importância da vigilância epistemológica, da reflexividade crítica e de uma produção de conhecimento orientada pela solidariedade. Com base em perspectivas feministas críticas e decoloniais, defendo que as fronteiras entre pesquisa e autobiografia devem ser porosas, e que o autoexame (“implicação”) é essencial tanto para uma investigação ética quanto rigorosa. No subcapítulo “Quando a Política Inspira Projetos de Pesquisa”, relato como minhas experiências como brasileira, latina, migrante, feminista e acadêmica se cruzam com as realidades políticas do Brasil e dos Estados Unidos. Essas vivências, incluindo o enfrentamento ao racismo, sexismo, migração e identidades em transformação, moldam profundamente minha abordagem à pesquisa, a escolha das perguntas e a compreensão das lutas sociais. Por meio dessas narrativas, demonstro como minha trajetória pessoal e os encontros com reações antifeministas intensificam meu compromisso com a produção de conhecimento que desafia o silenciamento e a dominação, e que contribui para a libertação coletiva.
No Capítulo 2, “Feminismo e Antifeminismo: O Desafio da Definição”, examino as complexidades de se definir tanto o feminismo quanto o antifeminismo como fenômenos sociais, insistindo que qualquer tentativa de definição deve levar em conta o contexto histórico, a diversidade cultural e os riscos de exclusão ou simplificação excessiva. Meu objetivo é estabelecer bases conceituais e epistemológicas para esses termos, reconhecendo que são antinomias relacionais cujos significados variam conforme as correntes políticas e os debates culturais. Dialogo criticamente com os debates sobre o que constitui “feminismo” (ou “feminismos”) e discuto as tensões entre unidade e pluralidade dentro do movimento, defendendo, ao final, uma abordagem dialógica e reflexiva que coloca em destaque a luta coletiva e a ética da alteridade. Ao longo do capítulo, ilustro como o gênero é construído na interseção entre colonização, poder e mudança social, influenciando não apenas definições, mas também experiências vividas, formas de resistência e reações contrárias.
No Capítulo 3, “Feminismo da Alteridade: Por uma Abordagem Feminista Crítica Decolonial Latina”, aprofundo meu compromisso com um feminismo da alteridade, prática e filosofia baseada no diálogo, respeito à diferença e reconhecimento de identidades múltiplas e mutáveis. O objetivo deste capítulo é articular uma perspectiva feminista inclusiva, decolonial e interseccional que desafia deliberadamente modelos hegemônicos, eurocêntricos e universalistas. Inspirada por experiências latinas e do Sul Global, assim como por uma ética dialógica e do cuidado, proponho o “Feminismo da Alteridade” como uma prática coletiva, anti-assimilacionista e transformadora, que valoriza o conhecimento situado e a necessidade de construir coalizões na diferença. Defendo que essa abordagem permite o florescimento de vozes marginalizadas, especialmente de mulheres indígenas, negras e mestiças na América Latina, e nos posiciona para questionar e reimaginar as estruturas de gênero, poder e conhecimento herdadas do colonialismo e do patriarcado.
No Capítulo 4, “O Poder das Representações Sociais”, examino como a criação, transmissão e transformação do conhecimento são centrais para a experiência humana e a sobrevivência coletiva. Meu objetivo é mostrar que representar é muito mais do que apenas interpretar a realidade; é, fundamentalmente, um ato simbólico e comunicativo que torna o mundo inteligível e orienta nossas vidas. Baseando-me na Teoria das Representações Sociais (TRS), desenvolvida por Serge Moscovici e ampliada por estudiosos como Denise Jodelet, Sandra Jovchelovitch e Angela Arruda, argumento que a construção de significados é sempre social, emergindo do diálogo e da interação. Analiso porque essa tradição psicossocial europeia nunca foi plenamente adotada na academia individualista dos Estados Unidos e destaco suas potencialidades para analisar como sistemas contraditórios de conhecimento, como o feminismo e o antifeminismo, moldam identidades e a vida cotidiana.
No Capítulo 5, “Uma Abordagem Espiral de Análise Multinível: Analisando as Interseções entre Representações Sociais, Gênero e Ideologia”, descrevo a metodologia espiral multinível que orienta minha análise sobre como as representações sociais — particularmente aquelas sobre feminismo, antifeminismo e gênero — são formadas, negociadas e postas em prática. Inspirada nos enfoques multiescalas (macro, meso, micro) de Jocelyn Viterna e Angela Arruda, enfatizo a importância de transitar com flexibilidade entre estruturas históricas, dinâmicas de grupo e interações cotidianas para apreender a natureza sistêmica e recursiva da produção de sentido. Essa metodologia permite rastrear como narrativas históricas, mitos e memórias coletivas profundas (nível macro) se articulam com identidades grupais e redes sociais (nível meso), materializando-se ou sendo disputadas nas relações interpessoais, discursos e experiências subjetivas (nível micro). Apenas transitando em espiral por esses níveis é possível captar plenamente a complexidade dos sistemas de representação e seu trabalho ideológico.
Neste capítulo, apresento o Modelo Plinia, um referencial crítico feminista decolonial latino-americano para análise multinível do Sistema de Representações Sociais de Gênero (SySg). Inspirada na interconexão das florestas de jabuticaba (Plinia), uso essa metáfora viva para mostrar que as representações sociais, assim como os frutos dessas árvores, não são isoladas, mas crescem em agrupamentos interdependentes, influenciadas por dimensões latentes, afetivas e históricas. O Modelo Plinia é composto por três “caminhos” analíticos: (1) mapear como grupos de atores sociais representam determinados objetos (ex: feminismo), (2) interrogar o conteúdo e a função ideológica dessas representações por meio de uma Interface de Perguntas Críticas Feministas e (3) reinterpretar os achados de forma sistêmica, situando-os em ecossistemas maiores de representação de gênero. O modelo é intencionalmente processual e dialógico, compreendendo a representação como prática ativa, não como um resultado estático.
No Capítulo 6, “A Emergência do Movimento Feminista”, traço as raízes históricas e condições contextuais que levaram ao surgimento do feminismo. Com base na teoria de que todas as representações sociais estão ancoradas em eventos do passado, levo os leitores por uma jornada entre o final do século XVII e XVIII, revisitando transformações intelectuais, econômicas, culturais e políticas cruciais, como o Iluminismo, a Revolução Industrial e o Segundo Grande Despertar, que criaram as condições para uma contestação pública e coletiva sobre o status da mulher. Meu objetivo não é fornecer uma genealogia exaustiva, mas sim destacar momentos e padrões fundamentais — da introdução do ideal de “mãe republicana” aos primeiros desafios protofeministas de escritoras como Mary Wollstonecraft — que coletivamente criaram um ambiente propício ao ativismo, resistência e, em última análise, ao nascimento do movimento feminista tal como o conhecemos.
No Capítulo 7, “A Ascensão do Antifeminismo Norte-Americano (~1848–1920) e as Representações Sociais sobre Mulheres e Feministas”, examino criticamente a emergência, consolidação e estratégias de comunicação do antifeminismo nos Estados Unidos desde a era do sufrágio até o início do século XX. Começando pelas raízes do movimento e sua terminologia, mostro como a oposição inicial se agrupou, primeiro, como anti-sufragismo e só posteriormente assumiu o nome de “antifeminismo”. Por meio da análise de escritos, periódicos e debates públicos antissufragistas, documento como os discursos antifeministas, fundamentados em temores sobre raça, gênero, imigração e mudança social, empregaram argumentos religiosos, ansiedades em torno da dissolução da família e visões essencialistas de gênero para justificar a permanência da exclusão das mulheres da vida pública. Ao revisar e categorizar sistematicamente centenas de referências, revelo as estratégias retóricas persistentes que retratavam mulheres, sufragistas e feministas como emocionalmente instáveis, moralmente suspeitas, masculinizadas ou simplesmente incompetentes, ao mesmo tempo em que reforçavam a superioridade masculina como algo natural, racional e destinado à liderança.
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In Chapter 1, “Towards an Engaged Writing (Escrita Implicada),” I reflect on the deeply personal, political, and situated nature of feminist research. My aim in this chapter is to foreground how every research project is born from desire, shaped by my own social position, history, and context, and to underscore the importance of epistemological vigilance, critical reflexivity, and solidarity-driven scholarship. Drawing on critical feminist and decolonial perspectives, I argue that the boundaries between research and autobiography must be porous, and that self-examination (“implication”) is essential to both ethical and rigorous inquiry.In the sub-chapter, “When Politics Inspire Research Projects,” I recount how my experiences as a Brazilian, Latina, sojourner, feminist, and academic intersect with the political realities of both Brazil and the United States. These lived experiences, including grappling with racism, sexism, migration, and shifting identities, profoundly shape how I approach research, choose my questions, and understand social struggles. Through these narratives, I demonstrate how my personal journey and encounters with anti-feminist backlash intensify my commitment to producing knowledge that challenges silencing and domination, and that contributes to collective liberation.
In Chapter 2, “Feminism and Antifeminism: The Challenge of Definition,” I examine the complexities of defining both feminism and antifeminism as social phenomena, insisting that any attempt at definition must navigate historical context, cultural diversity, and the risks of exclusion or oversimplification. My aim is to establish conceptual and epistemological ground for these terms, recognizing that they are relational antinomies, whose meanings shift alongside political currents and cultural debates. I engage critically with debates about what constitutes “feminism” (or “feminisms”) and grapple with the tensions between unity and plurality within the movement, ultimately advocating for a dialogical, critically reflective approach that foregrounds collective struggle and the ethics of alterity. Throughout, I illustrate how gender is constructed at the nexus of colonization, power, and social change, shaping not just definitions, but also lived experiences and patterns of resistance and backlash.
In Chapter 3, “Alterity Feminism: Toward a Latina Decolonial Critical Feminist Framework,” I develop my commitment to a feminism of alterity, a practice and philosophy rooted in dialogue, respect for difference, and the recognition of multiple, shifting identities. My aim in this chapter is to articulate an inclusive, decolonial, and intersectional approach to feminism that deliberately challenges hegemonic, Eurocentric, and universalist models. Drawing from Latina and Global South experiences, as well as dialogical and care-based ethics (Etica do Cuidado), I propose “Alterity Feminism” as a collective, anti-assimilationist, and transformative practice that attends to situated knowledge and the necessity of coalition-building across differences. I argue that this framework not only allows for the flourishing of marginalized voices, especially Indigenous, Black, and mestiza women in Latin America, but also positions us to unsettle and reimagine the structures of gender, power, and knowledge inherited from colonialism and patriarchy.
In Chapter 4, “The Power of Social Representations”, I examine how the creation, transmission, and transformation of knowledge are central to human experience and collective survival. My aim is to show that to represent is more than simply to interpret reality; it is fundamentally a symbolic and communicative act that makes the world intelligible and guides our lives. Drawing on the Theory of Social Representations (TSR), as developed by Serge Moscovici and later expanded by scholars like Denise Jodelet, Sandra Jovchelovitch and Angela Arruda, I argue that meaning-making is always social, emerging through dialogue and interaction. I discuss why this European-born psychosocial tradition was never fully embraced in the individualistic academic culture of the United States, and I highlight its particular strengths for exploring how contradictory systems of knowledge, like feminism and antifeminism, shape identities and everyday life.
In Chapter 5, “A Spiral Multilevel Analysis Approach: Analyzing the Intersections Between Social Representations, Gender and Ideology,” I outline the spiral multilevel methodology that underpins my analysis of how social representations, particularly those concerning feminism, antifeminism, and gender, are formed, negotiated, and enacted. Adopting Jocelyn Viterna’s and Angela Arruda’s multilevel (macro, meso, micro) analytic approaches, I emphasize the importance of moving flexibly between historical structures, group dynamics, and everyday interaction in order to capture the systemic and recursive nature of meaning-making. This methodology allows me to trace how deep-rooted historical narratives, myths, and collective memories (macro level) interface with group identities and networks (meso level), and become materialized or contested through interpersonal relations, discourse, and subjective experiences (micro level). Only by spiraling through these layers can the full complexity of representational systems,and their ideological work,be understood.
Central to this chapter is my introduction of the Plinia Model, a Latina Decolonial Critical Feminist framework for multilevel analysis of the System of Social Representations of Gender (SySg). Inspired by the interconnectedness of the Jabuticaba (Plinia) tree forest, I use this living metaphor to demonstrate that social representations, like the buds and fruits of these trees, are not isolated, rather, they grow in interdependent clusters, influenced by latent, affective, and historical dimensions. The Plinia Model is composed of three analytical “paths”: (1) mapping how groups of social actors represent specific objects (e.g., feminism), (2) interrogating the ideological content and function of these representations through a Feminist Critical Queries Interface, and (3) reinterpreting the findings systemically, situating them within larger ecosystems of gendered representation. This model is deliberately processual and dialogical, treating representation as an active practice rather than a static outcome.
In Chapter 6, “The Emergence of the Feminism Movement,” I trace the historical roots and contextual conditions that led to the rise of feminism. Drawing on the theory that all social representations are anchored in past events, I take readers on a journey through the late 17th and 18th centuries, revisiting the key intellectual, economic, cultural, and political shifts, such as the Enlightenment, the Industrial Revolution, and the Second Great Awakening, that set the stage for a public, collective questioning of women’s status. My aim is not to deliver an exhaustive genealogy, but rather to highlight pivotal moments and patterns, ranging from the introduction of the “republican mother” ideal to early proto-feminist challenges by writers like Mary Wollstonecraft, that collectively contributed to a climate ripe for activism, resistance, and ultimately, the birth of what we now recognize as the feminist movement.
In Chapter 7, “The Rise of American Antifeminism (~1848–1920) and Social Representations of Women and Feminists,” I critically examine the emergence, consolidation, and strategic communication of antifeminism in the United States from the suffrage era through the early twentieth century. Beginning with the roots of the movement and its terminology, I show how early opposition coalesced first as anti-suffragism and only later took the name “antifeminism.” Through an analysis of anti-suffrage writings, periodicals, and major public debates, I document how antifeminist discourses, anchored in fears about race, gender, immigration, and social change, worked through religious arguments, anxieties about family dissolution, and essentialist views of gender to justify the continued exclusion of women from public life. By systematically reviewing and categorizing hundreds of references, I reveal the persistent rhetorical strategies that framed women, suffragists, and feminists as emotionally unstable, morally suspect, masculinized, or simply incompetent, while reinforcing men’s superiority as natural, rational, and destined to lead.
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En el Capítulo 1, “Hacia una Escritura Implicada (Engaged Writing)”, reflexiono sobre el carácter profundamente personal, político y situado de la investigación feminista. Mi objetivo en este capítulo es resaltar cómo todo proyecto de investigación nace del deseo y se configura desde mi propia posición social, historia y contexto, subrayando la importancia de la vigilancia epistemológica, la reflexividad crítica y una producción de conocimiento impulsada por la solidaridad. Apoyada en perspectivas feministas críticas y decoloniales, sostengo que las fronteras entre investigación y autobiografía deben ser porosas, y que la autoindagación (“implicación”) es esencial tanto para una investigación ética como rigurosa. En el subcapítulo “Cuando la política inspira proyectos de investigación”, relato cómo mis experiencias como brasileña, latina, migrante, feminista y académica se entrelazan con las realidades políticas de Brasil y Estados Unidos. Estas vivencias, incluyendo enfrentar el racismo, el sexismo, la migración y las identidades en transformación, moldean profundamente mi aproximación a la investigación, la formulación de preguntas y la comprensión de las luchas sociales. A través de estas narrativas, demuestro cómo mi trayectoria personal y los encuentros con reacciones antifeministas intensifican mi compromiso con una producción de conocimiento que desafía el silenciamiento y la dominación, y que contribuye a la liberación colectiva.
En el Capítulo 2, “Feminismo y Antifeminismo: El Desafío de la Definición”, examino la complejidad de definir tanto el feminismo como el antifeminismo como fenómenos sociales, insistiendo en que todo intento de definición debe navegar entre el contexto histórico, la diversidad cultural y los riesgos de exclusión o simplificación excesiva. Mi objetivo es establecer bases conceptuales y epistemológicas para estos términos, reconociendo que constituyen antinomias relacionales cuyos significados fluctúan con las corrientes políticas y los debates culturales. Dialogo críticamente con debates sobre qué constituye el “feminismo” (o los “feminismos”) y profundizo en las tensiones entre unidad y pluralidad dentro del movimiento, defendiendo finalmente una aproximación dialógica y reflexiva que enfatiza la lucha colectiva y la ética de la alteridad. A lo largo del capítulo, ilustro cómo el género se construye en la intersección entre colonización, poder y cambio social, influyendo no sólo en definiciones, sino también en experiencias vividas, y en formas de resistencia y reacción.
En el Capítulo 3, “Feminismo de la Alteridad: Hacia un Marco Feminista Crítico Decolonial Latinoamericano”, desarrollo mi compromiso con un feminismo de la alteridad, una praxis y filosofía basada en el diálogo, el respeto por la diferencia y el reconocimiento de identidades múltiples y cambiantes. Mi objetivo es articular una perspectiva feminista inclusiva, decolonial e interseccional que desafíe deliberadamente los modelos hegemónicos, eurocéntricos y universalistas. Inspirada en experiencias latinas y del Sur Global, así como en una ética dialógica y del cuidado, propongo el “Feminismo de la Alteridad” como una práctica colectiva, anti-asimilacionista y transformadora que reconoce el conocimiento situado y la necesidad de construir coaliciones en la diferencia. Sostengo que este marco permite el florecimiento de voces marginadas, especialmente mujeres indígenas, negras y mestizas en América Latina, y nos posiciona para desestabilizar y reimaginar las estructuras de género, poder y conocimiento heredadas del colonialismo y el patriarcado.
En el Capítulo 4, “El Poder de las Representaciones Sociales”, examino cómo la creación, transmisión y transformación del conocimiento son centrales para la experiencia humana y la supervivencia colectiva. Mi objetivo es demostrar que representar es mucho más que interpretar la realidad; es, fundamentalmente, un acto simbólico y comunicativo que hace el mundo inteligible y orienta nuestras vidas. Basándome en la Teoría de las Representaciones Sociales (TRS), desarrollada por Serge Moscovici y ampliada posteriormente por autorxs como Denise Jodelet, Sandra Jovchelovitch y Angela Arruda, sostengo que la construcción de significado es siempre social y emerge del diálogo y la interacción. Analizo por qué esta tradición psicosocial europea nunca fue plenamente adoptada en la academia individualista de Estados Unidos y destaco su fortaleza para explorar cómo sistemas de conocimiento contradictorios, como el feminismo y el antifeminismo, moldean las identidades y la vida cotidiana.
En el Capítulo 5, “Un Enfoque Espiral de Análisis Multinivel: Analizando las Intersecciones entre Representaciones Sociales, Género e Ideología”, describo la metodología espiral multinivel que sustenta mi análisis sobre cómo se forman, negocian y ponen en práctica las representaciones sociales, especialmente respecto al feminismo, antifeminismo y género. Adoptando los enfoques analíticos multinivel (macro, meso, micro) de Jocelyn Viterna y Angela Arruda, enfatizo la importancia de moverse con flexibilidad entre las estructuras históricas, las dinámicas de grupo y la interacción cotidiana para captar la naturaleza sistémica y recursiva de la producción de sentido. Esta metodología me permite rastrear cómo narrativas históricas, mitos y memorias colectivas profundas (nivel macro) interfieren con las identidades grupales y redes sociales (nivel meso), y se materializan o disputan mediante las relaciones interpersonales, discursos y experiencias subjetivas (nivel micro). Sólo una lectura en espiral por estos niveles puede captar plenamente la complejidad de los sistemas representacionales y su trabajo ideológico.
En este capítulo, presento el Modelo Plinia, un marco feminista crítico latinoamericano y decolonial para el análisis multinivel del Sistema de Representaciones Sociales de Género (SySg). Inspirado en la interconexión de los bosques de jabuticabas (Plinia), utilizo esta metáfora viviente para mostrar que las representaciones sociales, como los brotes y frutos de estos árboles, no son aisladas, sino que crecen en racimos interdependientes, influidos por dimensiones latentes, afectivas e históricas. El Modelo Plinia se compone de tres ‘caminos’ analíticos: (1) el mapeo de cómo los grupos sociales representan ciertos objetos (por ejemplo, el feminismo), (2) la indagación del contenido y la función ideológica de estas representaciones a través de una Interfaz de Preguntas Críticas Feministas, y (3) la reinterpretación sistémica de los hallazgos, situándolos dentro de ecosistemas mayores de representación de género. Es un modelo intencionadamente procesual y dialógico, que entiende la representación social como una práctica activa, no como un resultado estático.
En el Capítulo 6, “El Surgimiento del Movimiento Feminista”, trazo las raíces históricas y condiciones contextuales que llevaron al surgimiento del feminismo. Partiendo de la teoría de que toda representación social se ancla en acontecimientos pasados, invito a lxs lectorxs a un recorrido por los siglos XVII y XVIII, revisitando cambios intelectuales, económicos, culturales y políticos clave, tales como la Ilustración, la Revolución Industrial y el Segundo Gran Despertar, que sentaron las bases para una impugnación pública y colectiva del estatus de la mujer. Mi objetivo no es ofrecer una genealogía exhaustiva, sino destacar momentos y patrones decisivos, desde la introducción del ideal de la “madre republicana” hasta los primeros desafíos protofeministas de autoras como Mary Wollstonecraft, que contribuyeron colectivamente a un clima propicio para el activismo, la resistencia y, finalmente, el nacimiento de lo que hoy reconocemos como movimiento feminista.
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